"... num determinado dia da minha vida (não o sei localizar nem no tempo nem no espaço) encontrei um mundo novo à minha frente: era o mundo das palavras!... Uma espécie de mar revolto ou melhor ainda, uma floresta densa, muito espessa, com imensas árvores e cada uma com imensos ramos que se ramificavam uns nos outros... olhei a floresta de frente mas não encontrei uma vereda para nela entrar... os caminhos, em sucalcos, eram imensos e tortuosos... aventurei-me por um deles e comecei a penetrar o mundo das palavras, o mundo daquela nova floresta ali à minha frente e que me começou a cercar por todos os lados... o caminho foi longo e muito árduo mas ao mesmo tempo, sempre que acabava de percorrer uma vereda, sentava-me a descansar e sentia-me (como ainda me sinto) feliz... feliz por ter percorrido mais uma etapa... mas a floresta não tem fim nem lhe diviso a tal luz ao fundo do túnel porque ela, esta floresta, não tem fim, não tem o descanso do guerreiro... é uma vereda imensa a percorrer todos os dias das nossas vidas e na qual adoro estar... ao longo do tempo aprendi a amar estas árvores, estes ramos e estas ramificações... acho que já faço parte do arvoredo mesmo sem tentar subir à copa das árvores... bastam-me os ramos e a sua sombra frondosa para descansar este amor imenso que sinto pela palavra, pelo verde que ela encerra, pelo odor que nos penetra e pelo toque que ela se permite a si mesma ser tocada... amo-as porque por mais ténues que elas sejam ou difusas nos raios de luz que penetram a floresta, elas nascem de mim para todos vós..."
Belíssima imagem, Quim.
ResponderEliminarUma floresta que muitos tentam desbravar e tantos, também, acabam por destruir.
Não é o teu caso porque sempre foste um “mago das palavras” :)
Beijinho doce e uma semana de verdes ramos.
Belíssimo texto caro Quim!
ResponderEliminarAs palavras são como que um caminho pré-definido, com múltiplos cruzamentos e rotas paralelas. Quem o percorre, dificilmente domina todos os caminhos, muitas vezes necessita de um mapa. Mas, como em tudo, a criatividade e iniciativa para explorar novos caminhos, marcam a diferença ;)
Forte abraço dos Alfinetes!
E tu desbravas essa floresta com mestria, Quim. É sempre um prazer ler-te.
ResponderEliminarUm beijinho e boa semana:)
"Acho que já faço parte do arvoredo (...) Bastam-me os ramos e a sua sombra frondosa para descansar"...
ResponderEliminarAs palavras são como filhos que precisam vir cá fora mostrar uma parte de nós diferente. A elas lhes damos vida e desse esforço bom colhemos outra dose vital que nos reconforta.
Por isso sabes que parte de ti está nelas, por isso sentes que no meio delas és inteiro, por isso não poderás deixar de as alimentar...
Da tua seiva crescem ramos imensos, e a copa vai tão frondosa, que arrepia ler-te às vezes, por já dizeres universos nalgumas linhas.
Que bela floresta!!!
PS - Sensibilizou-me particularmente, porque vou tentando que um grande amigo meu, com tantas histórias de uma longa vida para contar, reconheça a vantagem de compilar as suas melhores "coisas" (são "as coisas da vida"), e ele - vai-não-vai - acaba hesitante entre o receio de que elas "não interessem a ninguém" e o de "não ser capaz de escrever as coisas". Se me permites, vou levar este teu texto comigo, com a tua assinatura por baixo, e oferecê-lo. Porque é tão bom! :-)
Beijinhos*
És tronco dessa floresta onde um dia te aventuraste a entrar às mãos de um sapo. Ainda bem. Estes belos textos trazem dessa sombra do conhecimento e da paz de quem se conhece e está de bem com a vida...serão talvez, também, as flores, atrevo-me eu a pensar. Deves ter o cérebro perfumado de umas e outros. Bem hajas sempre. Adorei esta floresta densa. Bjito
ResponderEliminarOlá,
ResponderEliminarE ainda bem que te meteste a desbravar esses caminhos, nós agradecemos:).
Também gostaria de destacar estas frases:"... acho que já faço parte do arvoredo mesmo sem tentar subir à copa das árvores... bastam-me os ramos e a sua sombra frondosa para descansar este amor imenso que sinto pela palavra..." Muito bonito, Quim. Um beijinho.
Muito bonito este texto. Ao fim e ao cabo todos nos sentimos também como tu, um pouco de humanos um pouco de árvores desta imensa floresta; e que bem que nos sabe.
ResponderEliminarAmigo Quim;
Aproveito para te deixar a morada da minha nova casa:
www.zecadanau.wordpress.com
Aquele Abração do
Zeca da Nau