11/11/2004

momento divino

Desde sempre me interroguei sobre o porquê do orgasmo ser algo que não tem similitude com qualquer outra sensação do corpo humano; ou seja, os sentidos proporcionam-nos sensações definidas e concretas que sabemos entender e para além de as poder referenciar, podemos também encontrar algumas parecenças entre umas e outras; estou a lembrar, por exemplo, o “prazer” de aliviar a bexiga, o “prazer” de espirrar, o “prazer” de inspirar a maresia, o “prazer” de saborear um bom gelado, etc. Nesses prazeres, podemos encontrar algumas parecenças entre uns e outros mas todos eles definidos, circunscritos e absolutamente “normais”. O prazer no momento do orgasmo é algo que transcende todos os outros prazeres; é o prazer supremo; o cume dos sentidos; o topo de gama!... Em toda esta minha vida ainda não encontrei nada melhor, nada que proporcionasse ao meu corpo (e penso que ao meu espírito) a escalada ao pico dos prazeres sensoriais. É algo que não tem explicação. Podem vir com teses neurológicas, fisiológicas e outras que tais mas a verdade final será sempre a mesma: maior e melhor prazer que um orgasmo, não existe!... Daí que, me tenha interrogado ao longo da vida sobre o porquê de tal sublimação! Ou seja, porque razão é aquele e não outro o prazer maior. Há filosofias que defendem a ideia de que o sexo é a sublimação por excelência na medida em que significa a união que cria vida. Repensei e admiti que o orgasmo também pode ser obtido por estimulação solitária, a vulgar masturbação. Porém, aprendi ao longo da vida que há diferença no prazer que se obtém no orgasmo provindo dum acto solitário e o que se obtém na junção de dois corpos no acto da mais pura cópula, entenda-se vaginal. Assim, fui procurando tentar entender porque razão a “natureza” premeia com um prazer sublime todo e qualquer acto sexual na junção de um pénis com uma vagina. Desde a necessidade de procriar para a continuidade da espécie, até à frase batida de que até os animaizinhos gostam, a verdade é que de todos os actos humanos, aquele é o topo de gama! Só há uma razão: aquele momento é o momento divino, é o momento em que Deus está em nós e se sublima, sublimando-nos!... É o momento em que Ele vive, em que Ele vibra… É o momento em que Ele diz que existe, que está, que é… é o momento em que Ele nos penetra em totalidade e num único e breve instante Ele se reduz à insignificância do Homem e se transcende na divina certeza de que aquele é tão-somente e apenas o momento da fusão da carne e do espírito… o fugaz momento em que o Homem se torna Deus!...

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