09/04/2008

incondicionalmente

“… tivesse eu as capacidades de um deus, mesmo dos da antiguidade, de um Zeus, de um Júpiter ou mesmo de um Marte ou até mesmo, porque não, duma Diana… tivesse eu os poderes de tudo demonstrar sem ter de provar, ou seja, bastar ser e não ter de provar que sou o que sou ou quem sou… tivesse eu toda essa força mágica e logo seria a mais pura prova do que há muito persigo: seria o Amor transformado em entrega, seria o Amor pleno, aquele que vive de si mesmo para se bastar e na totalidade se entregar… o Amor que deixaria de o ser para passar ao patamar superior do estatuto da fórmula única da vida plena que é Amar… passamos tempos e tempos sem sabermos o que é isso do Amor ou como é que se Ama e um dia, sem sabermos como, tudo surge ali, à nossa frente, sereno, demonstrativo da nossa anterior ignorância e dizendo-nos bem no nosso interior que o Amor está aqui dentro de cada um de nós e, como tal, livre de ser entregue ao próximo… e é nesse momento, quando o Amor sai de dentro de nós e o entregamos a alguém que ele se transforma numa dádiva e assim, de uma forma tão simples, passamos a Amar… esta entrega, esta forma de se estar na vida, pressupõe a inexistência de condições incluindo o não retorno, ou seja, amar mesmo que não nos amem… essa é a única forma de provar a nós mesmos que estamos a Amar e não tão pobremente apenas a gostar… é por isso que estou sempre a falar do mesmo, a batalhar todo o tempo na tentativa de demonstrar, sem ter de provar, que Amar é a minha forma de ser… tentar provar que se ama é uma forma de se negar a si mesmo porque quem ama não precisa de se afirmar: entrega-se, apenas… entrego-me a ti nas mais pequeninas coisas, mesmo até nos elementos que não são visíveis mas que existem, que estão lá, em ti, vindas de mim… entrego-me a ti sem perder a minha identidade, sem deixar de ser eu mesmo mas o que sou o transmito, o envio, o entrego em totalidade… entrego-me a ti em serenidade, em luz, em paz, em harmonia, com força, com garra, com espírito e alegria… entrego-me a ti num sorriso, num toque, numa palavra, numa frase… entrego-me a ti num beijo, num corpo, numa alma, com a totalidade do meu eu… entrego-me a ti tal como sou, impuro talvez, mas com doçura, em humildade e sem qualquer altivez… entrego-me a ti por amor…”

3 comentários:

  1. Sublime!
    Este querer soltar e correr em direcção a tudo a todos, numa enorme e voluntária entrega de AMOR.
    Infelizmente cada vez exigimos mais e pouco oferecemos:(.
    Gosto imenso de Leonard Cohen e soube muito bem ouvir esta música.
    Obrigada por este momento espectacular.
    Um Beijo.

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  2. sempre fantástico meu caro!!!

    saudades de ter tempo para "visitar" os cantos dos amigos :(

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  3. Meu amigo... passe lá no canto e assine por favor...

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