15/04/2005

ilusão

"...naquele dia tudo me parecia especial; estava tudo calmo e o sol banhava a lisura da aragem que se sentia leve na face... perguntei-me porquê?... porque razão tudo estava tão bem quando eu sabia perfeitamente que não; dentro de mim, uma luta tremenda de afirmativa força e de pesado esforço; sentia-me esmorecer e, no entanto, tudo me parecia estar bem... olhei bem à minha volta e não havia dúvida: estava um dia lindo. Porém, a noite batia no meu peito e a dor perfurava a minha alma. De que me adiantava aquela ilusória calma?... Senti as lágrimas na minha face e os lábios começaram a tremer; de repente, sem explicação, um choro convulso me fez estremecer o corpo como num delírio febril... Então, de repente, como que por encanto, um vento forte, frio e de norte, abanou o meu corpo e os olhos secaram naquela nova aragem; olhei o céu que se começou a toldar de cinzento escuro e repentinamente umas pingas grossas bateram na minha cara... o choro convulso parou... para que me entristecer se o céu começara a chorar na minha vez?... Dei por mim a correr para dentro do carro e a sair da plataforma do penhasco que estivera á minha frente... a ilusão de que ali resolveria o meu problema, desvaneceu-se... fugi dali tão somente para a vida..."

5 comentários:

  1. Um arrepio de medo, uma lágrima de emoção...Beijo grande.

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  2. Lobices

    Um texto enternecedor, de facto.

    No final há sempre uma esperança...há que não desanimar nunca e dar créditos à vida.

    Bom fim de semana. Tudo de bom :)

    Maite

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  3. Belo texto, como sempre.
    Um óptimo fim de semana. Fica bem.
    Beijo grande

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  4. Olá Quim! Como estás? Tens andado desaparecido. Deixei um presentinho no meu blog para ti. Espero que gostes e que participes... Beijinho!

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  5. Nesta fase da minha vida este teu texto deixou-me com um nó na garganta. Um Bom Fim de Semana

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